ACESSE O DOCUMENTO COMPLETO AQUI
O Conselho Regional de Nutricionistas da 7ª Região (CRN-7) se solidariza com a população Yanomami diante do quadro nefasto resultante da crise de saúde instalada no território indígena de Roraima, um dos seis Estados que compõem a jurisdição desta autarquia federal, justamente a que conta com a maior população de povos originários do país, com 32 terras indígenas (dados do IBGE).
Diante do caos evidenciado nas imagens divulgadas em nível nacional, que mostram pessoas, incluindo, crianças sendo acometidas de desnutrição e outras doenças, que levaram à morte centenas de indígenas nos últimos anos, o CRN-7 informa que entrou em contato com várias instituições para chamar a atenção à importância e necessidade de efetivar o acompanhamento e a assistência nutricional específica a essa população, a fim resgatar a condição nutricional dentro dos padrões de normalidade, levando em consideração as particularidades culturais da etnia.
Vale ressaltar que essa população tem suas especificidades alimentares, fato importante e que deve ser levado em consideração, pois cerca de 80% da alimentação é composta por insumos provenientes do próprio roçado (banana, mandioca, etc..), e carnes provenientes de caça e pesca, ressaltando que essa cultura preza pelo extrativismo. Ao longo do tempo, demais comunidades, com outros hábitos, incluíram alimentos industrializados em sua dieta, o que tem contribuído para o surgimento de várias doenças.
Nesse contexto e considerando a importância da etnia Yanomami para o nosso país; considerando o direito humano à alimentação adequada garantido na Constituição Federal de 1988; considerando a Política Nacional de Segurança Alimentar; o CRN-7 enviou uma recomendação à Comissão de Direitos Humanos e Minorias (ALERR), à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB – Seção Roraima) e Ministério Público de Roraima (MPRR), entre outros. O documento exige a efetivação das medidas sanitárias cabíveis e o cumprimento do compromisso dos órgãos competentes como a Secretaria Estadual e Municipais de Saúde, Secretarias Estadual e Municipais de Educação, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Secretaria Estadual de Assistência Social, para regularizar o abastecimento alimentar em caráter não somente emergencial, mas de forma permanente desta comunidade, bem como o abastecimento farmacêutico e o fornecimento de água potável, além de outras providências necessárias à mudança do triste cenário apresentado.
Ademais, o CRN-7 pede que seja garantida uma equipe mínima de saúde, com a inclusão do nutricionista em caráter permanente nos pontos de atenção à saúde em todas as terras indígenas do Estado de Roraima, uma vez que este profissional é habilitado a prestar a assistência nutricional preventiva e terapêutica e cumpre também o papel de articulador e mobilizador de estratégias intersetoriais que promovam a segurança alimentar, e ao mesmo tempo, a redução da fome, da desnutrição, das deficiências de micronutrientes (vitaminas e minerais), e das doenças crônicas como diabetes e câncer, que podem resultar do consumo alimentar insuficiente e inadequado.
O CRN-7 reforça que apoia toda iniciativa de ajuda à comunidade Yanomami e vem a público também solicitar apoio da sociedade e das organizações não governamentais, para ampliar as doações e incentivar os esforços de assistência, como tem sido feito pela rede da Ação da Cidadania. Doações podem ser realizadas através da Chave PIX: sos@acaocidadania.org.br ou no site acaodacidadania.org.br/sos-yanomami.
Aos que pretendem doar alimentos, alertamos que deve-se evitar a doação de processados e ultraprocessados, e priorizar alimentos como: água, amido de milho, frutas, sucos, peixes, frango, carne, arroz, macarrão, feijão, leite, água de coco. Atualmente, a Central Única das Favelas (Cufa) está com três postos de coleta na capital paulista para arrecadar doações e enviar ajuda à Terra Indígena Yanomami. As informações podem ser consultadas em cufa.org.br. Outras fontes seguras para doação serão compiladas no site PARAQUEMDOAR.COM.BR.
